Parceria certa nas suas realizações

A importância da reorganização do fluxo de caixa para conter crise no seu negócio

Crise! – Essa é a palavra que ecoa na empresa quando algum problema saí do controle, e vamos combinar que, nos últimos anos, não faltam problemas seja pela pandemia, seja pelo lockdown, seja por aumento de endividamento, seja por redução de vendas ou perda de ticket de venda. Todos os motivos destroem a empresa é ter um descompasso de fluxo de caixa, e, por consequência, dificuldade de honrar seus compromissos. Ações imediatas são necessárias para estancar o problema e reprogramar a empresa para voltar a produzir.

Parece fácil ao falar? Sim, mas, no dia a dia, um dos maiores desafios que o empresário enfrenta é lidar com a saúde financeira de sua empresa, pois credores não esperam, funcionários querem receber e o Estado fiscaliza querendo seu imposto. Administrar essa equação em um cenário tão adverso como o brasileiro requer uma flexibilidade ímpar que requer além de maturidade, fé e muita resiliência.

Certa vez, em uma de minhas consultorias, fomos contratados para apoiar na reorganização de finanças de determinada empresa de varejo que opera entre os diversos segmentos, o agronegócio. Ela estava com alto endividamento, com credores além de produtos represados em estoque em uma proporção suficiente para suprir vendas para quase 4 meses. Como consequência da estocagem, a empresa optou por antecipação de recebíveis e movimentação de pagamento de risco sacado, logo o aumento de risco se tornou inevitável e atrasos de salários de seus mais de 160 colaboradores se mostraram um prato cheio para insatisfação como também burburinho dentro da empresa que se tornaram um hábito. Ao começarmos o desenvolvimento do trabalho, o diretor me comentou que estava tão abatido e preocupado que não conseguia nem olhar o fluxo de caixa da empresa já fazia alguns meses. Muito bem! Esse será nossa primeira missão – analisar o fluxo de caixa, respondi imediatamente! E colocamos nossa equipe para apoiar na confiabilidade das informações financeiras imediatamente.

Tenho uma frase em que sou bastante conhecido, e ela se aplica bem nesse caso: Bom dia, boa tarde e boa noite, fluxo de caixa! É assim que administramos uma empresa.

Por mais difícil que pareça a situação, negar a existência de problemas só agrava e aprofunda a razão real de sua existência, assim como achar que os problemas se resolverão sozinhos pode ser um erro que desenvolverá mais instrumentos para aprofundar sua crise.

Algumas razões levam à uma crise empresarial, são elas:

1 – Financeiras: desde o faturamento até a distribuição de resultados e pagamentos a fornecedores passam pelo fluxo de caixa, podendo ser objeto de origem de crise de inadimplência; aumento de custo; baixa margem de negócio; investimentos; valores altos de distribuições aos acionistas; doações acima do necessário; excesso de empréstimos e despesas do passado como processos trabalhistas e execuções fiscais.

2 - Equipamentos: a quebra de equipamentos por falta de manutenção pode ser a origem de uma crise dentro da sua empresa, pois a técnica de desmontar uma máquina ou linha de produção para o funcionamento de outra pode até certo tempo funcionar, contudo não é uma solução de alto risco que pode impactar diretamente na sua disponibilidade de estoque e, em consequência, em suas vendas.

3 – Economia do país: o Brasil é uma das maiores economias do mundo e talvez um dos poucos países a ter a quantidade de insumos naturais e corporativos juntos. Isso nos leva a uma grande oportunidade, porém somos uma democracia jovem e muito sucessível a mudanças de governo antagônicos em posições, além de uma complexidade tributária que pode, sim, gerar uma crise em negócio próspero.

4 – Burburinhos em excesso: como relatado no exemplo acima, desabafar sobre a situação financeira e crise mostrando medo gera insegurança na equipe e no mercado, logo um simples boato pode levar a suspensão de créditos para insumos, mudança de política de preços e inadimplência, instaurando, assim, uma crise mais rapidamente do que se imagina.

5 – Desastres naturais: não temos domínio sobre o que pode acontecer em termos de movimentação ambiental, como alagamentos, rompimento de barragens, fogo e outros itens. Já vi casos que negócios foram duramente impactados por uma economia em contratação de seguro de incêndio.

6 – Pandemias: até a chegada do Coronavírus, esse era um item de baixa probabilidade, porém, com o crescimento da população, é inevitável não considerarmos essa variável nos negócios.

7 – Enxergar somente vendas: vejo com relativa frequência empresários analisando seu negócio pelo faturamento e, sem dúvida nenhuma, é muito bom ter uma empresa grande e robusta em mercados, porém a crise chega silenciosamente em uma empresa que está crescendo, pois a equação de mix de produtos ou serviços desalinhadas pressionam o capital de giro da empresa, logo posso ter uma empresa grande em volume e grande em dívida também, como resultado dessa equação, tenho um resultado menor. Existem mercados, como o agronegócio que se compra o grão à vista e vende-se a indústria processadora a prazo. Essa equação faz com tenhamos uma relação de prazo de pagamento e prazo de recebimento negativa, forçando ao empresário possuir um capital alto para suprir a deficiência do giro operacional.

8 – Imagem: dizem quem uma imagem vale mais que 1.000 palavras! Conduzir adequadamente a imagem da organização contribui com a forma de posicionamento no seu mercado e, em épocas de tanta exposição, todo cuidado com postagens de cunho pessoal podem levar a sua empresa a ter uma imagem negativa e, em consequência, resultados ruins e crise instalada.

9 – Acionista Rico empresa pobre: saber separar adequadamente os recursos pessoais dos das empresas é situação determinante para gerir o sucesso empresarial. Obviamente frases como “Eu mereço esse carro!”, essa viagem e esse apartamento ou essa bolsa, óculos e roupas podem trazer consequências para empresa, caso ela não tenha a geração de caixa suficiente para arcar com o nível de vida desejado pelos seus acionistas. Ter claramente mapeado o quanto sua empresa gera de caixa operacional e, partir dele, determinar suas retiradas de resultado ajuda a evitar crises de acionista rico e empresa pobre.

10 – Erro de Análise de Resultados: Talvez o mais comum e recorrente no mercado empresarial. Nas nossas consultorias temos sempre uma premissa: Fluxo de caixa = DRE = Balanço Patrimonial. A contabilidade é uma ciência exata e engana-se que Demonstrativo de Resultado Gerencial é diferente de Demonstrativo de Resultado Contábil. Obviamente a forma de analisar pode variar, mas a conciliação de ambos os mecanismos devem ser igualitárias, pois a despesa existe contabilmente e gerencialmente e seu reflexo é em fluxo de caixa, logo desconsiderar determinadas despesas podem gerar uma crise por decisões erradas com base de números comprometidas.

11 – Acidentes: No decorrer de sua história, todo mercado tem seus riscos, desde a morte de decisores estrategistas como o falecimento precoce do Comande Rolim da TAM até situações ambientais, como o caso de Brumadinho. Esses fatores interferem em toda empresa podendo trazer uma crise eminente que requer destreza e muita habilidade na condução pós incidente.

12 – Roubos de propriedade intelectual & física: A capacidade de criação é um desafio constante para empresas em liderança de mercado assim como o método de cópia de metodologia intelectual, fontes de sistema em caso de tecnologia, carteira de clientes em caso de serviços e varejo assim como o aprendizado de determinados funcionários aplicados a um custo mais baixo em clientes pode gerar uma crise na empresa, pois dependendo do impacto e relevância do tema, a receita muda de mãos, e o tempo de reposição e readequação passa por uma necessidade de capital e estratégias assertivas de reposicionamento.

13 – Mudança de aspectos regulatórios: Mudanças de regras de impostos federais, estaduais e municipais assim como benefícios fiscais interferem em todo negócio, podendo gerar uma crise imediata e com efeito maléfico para empresa. Essa é uma das mais difíceis de administrar, pois determinado benefício fiscal pode tirar a empresa da concorrência de mercado e colocar o produto zona de prejuízo.

14 – Excesso de investimentos: Sim, existem alguns empresários que são viciados em investimentos, não conseguem parar de construir, principalmente quando temos facilidades de linhas de crédito subsidiadas para esse fim. Nesses casos, para afastar a crise é necessário avaliar-se corretamente qual retorno teremos em margem e crescimento projetado antes de realizar a captação, pois não adianta uma sede própria gerando endividamento recorrente na operação.

Todas essas razões interferem na crise de seu negócio, daí a importância de ter-se um fluxo de caixa confiável e fidedigno, que consiga de maneira rápida e funcional enxergar os gap´s de seu negócio e agir na solução do gargalo apresentado.

Habitualmente usamos dois tipos de fluxo de caixa nas empresas, o chamado Direto e o Indireto. Nesse artigo vamos abordar o Fluxo de Caixa Direto, o qual é amplamente utilizado no mercado e traz uma confiabilidade nas informações, pois ele deve ser “exatamente” igual ao saldo final de caixa, tendo seus lançamentos de débito e crédito demonstrados no seu corpo de montagem.

O fluxo de caixa direto pode ter uma adaptação por tipo de desembolsos e/ou conta contábil, garantindo uma classificação correta e comparativa entre as contas da empresa. Essa prática ajuda muito na análise do desempenho do negócio.

Em nossas consultorias nós desenvolvemos um fluxo de caixa direto com metodologia própria da Smart Boss, partindo da seguinte estrutura financeira:

0 – Saldo Inicial = Extrato Bancário

1 – Fluxo Operacional

(+) Recebimentos Operacionais

(-) Pagamentos Operacionais

(=) Fluxo de Caixa Líquido da Operação

2 – Fluxo de Investimentos

(+) Recebimento de Investimentos

(-) Pagamento de Investimentos

(=) Fluxo de Caixa Líquido de Investimentos

3 – Fluxo de Acionistas

(+) Aportes de Acionistas

(-) Retiradas de Acionistas

(=) Fluxo de Caixa Líquido de Acionistas

4 – Fluxo de Operações Financeiras

(+) Entradas de Operações Financeiras

(-) Saídas de Operações Financeiras

(=) Fluxo de Caixa Líquido de Operações Financeiras

5 – Fluxo Não Operacional

(+) Entrada de Recursos Não Operacionais

(-) Saída de Recursos Não Operacionais

6 – Saldo Final = Extrato Bancário

Por fim, você saber analisar corretamente seu fluxo de caixa, separando as contas operacionais das outras atividades, sejam investimentos, acionistas, financiamento e não operacionais traz lucidez de gestão financeira e permite que você tenha condições de verificar onde está centralizado seu problema assim como a destinação de seu resultado operacional no limite de seu valor, evitando passos além do possível e, em consequência, minimizando riscos de não honrar o seu compromisso.